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                tempos modernos, em várias categorias profissionais, surge 
                a figura dos viciados no trabalho, que se excedem naquilo que 
                fazem e os que sofrem este tipo de violência social.  Jargões 
                como o trabalho enobrece o homem são imposições 
                de uma cultura responsável pela busca incessante de resultados, 
                pela ganância do lucro, situações sociais 
                que revelam uma lógica de que a eficiência é 
                inimiga da saúde. Para estas pessoas o conceito de doença 
                está ligado à sua capacidade produtiva.  Entretanto, 
                para a medi-cina, a doença resulta de desvios para mais 
                ou para menos dos parâmetros estabelecidos. Assim, por exemplo, 
                é hipertenso quem tiver níveis de pressão 
                arterial acima de 14x9. Tenham ou não sintomas, as pessoas 
                fora destes padrões são doentes, mesmo porque, quando 
                apresentarem sintomas, na maioria das vezes, a medicina pouco 
                pode fazer. Os 
                viciados no trabalho sentem-se doentes quando não conseguem 
                trabalhar. Criam rotinas estafantes que incluem jornadas diárias 
                de mais de 12 horas e trabalhos em casa. São obstinados 
                que não admitem falhas, são competitivos e obsessivos 
                por resultados.  Enfim, 
                são pessoas produtivas....de adrenalina. Não sabem 
                que o corpo também necessita da endorfina, produzida em 
                situações de bem estar, responsável pelo 
                equilíbrio fisiológico.  São 
                estas pessoas que se irritam facilmente, apresentam falta de auto-estima, 
                são depressivas, têm úlceras e morrem de enfarte 
                ou de derrame.  O exercício 
                do trabalho desmesurado contribui para a morte precoce, pois é 
                nele que os viciados no trabalho vivem a maior parte do tempo. 
                O resto é perdido nos engarrafamentos e na frente de televisores 
                assistindo camundongos e outros bichos mais. Koshiro 
                Otani - médico do Hospital Santa Cruz |