| Kunihiko 
                Chogo*   
                	
                Que 
                Brasil e Japão são nações muito próximas 
                (obviamente não fisicamente), não é nenhuma 
                novidade. Desde 1908, com a primeira onda de imigração, 
                o relacionamento, pessoal e de negócios, entre os dois 
                países foi cada vez mais estreitado e reconhecido. Já 
                nas décadas de 1950 e 1960, uma série de empresas 
                japonesas, entre montadoras, fabricantes têxteis e importantes 
                marcas chegavam ao país. Atualmente, é possível 
                dizer que estamos passando por uma terceira onda. Desta vez com 
                a chegada de empresas de tecnologia e manufatura ao país. Entre 
                os principais atrativos estão a recente estabilização 
                da economia brasileira, a participação no grupo 
                BRICS e o fato de abrir mais portas para o investimento em toda 
                a América Latina. Essas características, somadas 
                à busca por novos mercados - uma vez que a Ásia 
                já foi atingida pelos japoneses - e a uma relação 
                mais estável e segura entre os países, têm 
                sido refletido num maior volume de investimentos entre os dois. 
                Em razão da forte e consolidada comunidade japonesa no 
                Brasil, com uma cultura já conhecida e respeitada, torna-se 
                mais fácil a aceitação nacional dessas empresas, 
                gerando mais confiança nos executivos e melhor adaptação 
                dos estrangeiros à região. Especificamente 
                no mercado de tecnologia, o interesse dos brasileiros por novidades 
                tecnológicas, tanto como consumidores de novos produtos 
                quanto como desenvolvedores de lançamentos para esse mercado, 
                cria um bom público-alvo e profissionais mais capacitados 
                para atender esse setor. Ainda há muito espaço a 
                ser explorado e o mercado tem se mostrado cada dia mais sofisticado, 
                elevando as demandas a outro nível de investimento. No 
                entanto, não são somente elogios e vantagens que 
                permeiam essa relação. As principais barreiras encontradas 
                pelas empresas japonesas com interesse em investir no Brasil são 
                a burocracia e a dificuldade em compreender a legislação 
                e a cobrança de impostos nacional. Para empresas que já 
                estão instaladas no país, o desafio é fazer 
                com que os executivos da matriz japonesa compreendam o motivo 
                das cobranças e a necessidade de recursos para realizar 
                a adaptação ao local. Já para as que ainda 
                estão apenas sondando o setor, o susto tomado com os altos 
                custos e burocracias fiscais e legais pode gerar uma mudança 
                no foco de mercado. Ainda 
                assim, é possível perceber que os japoneses estão 
                monitorando as grandes organizações, fazendo os 
                primeiros investimentos. Alguns grandes negócios já 
                estão sendo fechados e nota-se que as empresas médias 
                também estão se aproximando. Algumas atitudes podem 
                ajudar os empresários a melhorar a relação 
                com o Japão e atrair e atrair mais investidores. Devido 
                à distância geográfica entre as duas nações, 
                as informações que chegam ao Japão sobre 
                o Brasil são, na maioria das vezes, negativas ou distorcidas, 
                em especial as relacionadas à segurança pública, 
                clima, alimentação. Não é difícil 
                encontrar um executivo japonês que tenha como referências 
                do Brasil, "carnaval e futebol", e que veja o brasileiro 
                como um povo que gosta mais de se divertir do que de trabalhar. 
                Por esse motivo, é importante que as empresas e o governo 
                se empenhem em enviar informações corretas e otimistas, 
                que gerem maior interesse nos investidores. Outro 
                ponto que pode ser trabalhado tem relação com o 
                idioma. A maior parte dos japoneses nunca ouviu a língua 
                portuguesa e tem grandes dificuldades em aprender. O compartilhamento 
                de mais informações de negócios em inglês, 
                como documentos, sites e dados, pode ser um grande diferencial 
                para atrair a atenção das empresas asiáticas 
                aos interesses nacionais. Já 
                do lado dos investidores japoneses, algumas dicas devem ser levadas 
                em conta: paciência com as regras é o primeiro passo 
                para o sucesso. É essencial buscar um entendimento profundo 
                dos processos brasileiros para que não haja divergências. 
                Planejar e analisar todas as oportunidades e possíveis 
                riscos envolvidos no processo são atitudes também 
                muito importantes nas quais a cultura organizacional japonesa, 
                conhecida por sua acuidade e atenção aos detalhes, 
                pode ajudar. Por 
                fim, também é - tão relevante quanto os outros 
                conselhos - saber ouvir outras opiniões e buscar uma aproximação 
                com empresas de confiança já instaladas no país. 
                Essa é a melhor forma de entender a cultura, os negócios 
                e ter contato com o mercado. Os empresários locais estão 
                sempre interessados em ajudar companhias que podem agregar valor 
                ao setor. Afinal, se a intenção é adaptar-se 
                às características brasileiras, é bom começar 
                pelas melhores: a abertura à colaboração 
                e o trabalho em equipe. |