|  Quais são 
        os problemas em relação à lei atual?ITO: A lei que regulamenta a contratação terceirizada 
        em si já não é boa e, como se não bastasse, 
        não está sendo obedecida. Por exemplo, o contratador é 
        obrigado a investir na capacitação dos fun-cionários, 
        mas isso não acontece. Outro ponto é que, no sistema haken, 
        a fábrica não pode escolher quem será enviado pela 
        empreiteira, ao contrário do que acontece na prática. Também 
        é ilegal manter um trabalhador terceirizado no setor manufatureiro 
        por mais de três anos.
 O haken 
        deve ser extinto?ITO: Não, pois poderia ser usado para substituir alguém 
        em licença-maternidade, por exemplo. Mas teria de ser oferecido 
        um alto salário pela instabilidade da vaga. Também não 
        concordo com o programa de kenshuusei (estagiários asiáticos), 
        que deve-riam ser tratados como trabalhadores comuns.
 O que precisa 
        ser mudado no sistema de haken?ITO: Sinceramente, acho que a contratação tem de ser 
        direta. Da maneira como está, as fábricas e as empreiteiras 
        não assumem a responsabilidade após a demissão. Dessa 
        forma não há como negociar direitos, mesmo com a intermediação 
        de sindicatos. Estive em Hamamatsu (Shizuoka) e vi o caso de um nikkei 
        a quem foi negado o seguro contra acidentes de trabalho por não 
        falar japonês, e isso é um exemplo de violação 
        aos direitos humanos. Mais um problema é que, na regulamentação 
        de haken, não há nada escrito sobre a punição 
        para aqueles que a violarem.
 Como o Japão 
        chegou a essa situação?ITO: O Japão é o que oferece piores condições 
        entre os países desenvolvidos. Por isso, as empresas podem reduzir 
        o custo e aumentar seu lucro facilmente. Esse procedimento é como 
        uma droga da qual todos se tornam cada vez mais dependentes. No entanto, 
        no ano passado, ouvi comentários de alguns empresários de 
        pequeno e médio porte afirmando que a contratação 
        temporária elevou o custo da produção em função 
        do grande volume de peças defeituosas produzidas. Eles perceberam 
        a importância de manter os funcionários para melhorar a qualidade 
        do produto.
 O fim do 
        haken prejudicaria os empregadores?ITO: Muitos dizem isso, mas é mentira. Se as indústrias 
        fossem mais tolerantes, os empregados poderiam elevar seu nível 
        técnico, o que deixaria as empresas mais resistentes.
 Qual o papel 
        dos contratadores na piora do mercado de trabalho?ITO: Eles foram omissos. Se cada um tivesse assumido um pouco da responsabilidade 
        e deixado de demitir, a recessão poderia ter sido mais amena.
 Como você 
        avalia a atuação dos governos central e regionais no combate 
        ao desemprego?ITO: Sinto que falta algo. Isso porque eles têm aumentado o 
        orçamento público às custas dos mais fracos. Se cortarem 
        os privilégios fiscais das grandes empresas, conseguiria-se obter 
        a verba necessária para o bem da sociedade em geral. Em 2009, aumentou 
        o número de mulheres sindicalizadas, segundo o governo.
 Por quê?ITO: Entre as mulheres que trabalham, 70% estão em situação 
        irregular. Por isso muitas devem ter se sentido estimuladas a juntar-se 
        a nós.
 O que os 
        trabalhadores estrangeiros podem fazer para garantir maior estabilidade 
        no emprego?ITO: Como recomendado pelo governo e por vários especialistas, 
        investir no aprendizado do idioma japonês e na capacitação 
        profissional é o primeiro passo. Isso até facilita na hora 
        de ajudá- los, já que não temos funcionários 
        que dominem línguas estrangeiras. O japonês não deveria 
        ser só uma condição essencial para a contratação, 
        como também para a obtenção do visto. Quanto ao treinamento, 
        acredito que, apesar de o setor manufatureiro estar em dificuldades, ainda 
        não vejo necessidade de buscar trabalho em outras áreas.
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