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          |  Hayakawa: 
              É importante que as pessoas se conheçam, tenham 
              respeito mútuo e aceitem as diferenças |   
          | Quem 
              éMasaru 
              Hayakawa tem 68 anos e cumpre seu terceiro mandato como prefeito 
              da cidade onde nasceu. Formado em Economia pela Universidade de 
              Aichi, iniciou-se na política em 1986, quando foi eleito 
              pelo Partido Social (Nihon Shakaitoo) para ocupar uma vaga de parlamentar 
              da Câmara Baixa.
 Em 
              junho de 1994, foi indicado para o cargo de assistente de vice-premiê 
              no governo de Tomiichi Murayama, mas Hayakawa se candidatou a prefeito 
              de Toyohashi em novembro do mesmo ano, sendo eleito. |  (Reportagem 
        e Foto: Osny Arashiro / ipcdigital.com)  Há 
        12 anos, Masaru Hayakawa administra Toyohashi (Aichi), cidade que acomoda 
        uma das maiores comunidades estrangeiras do país. Entre esses 20 
        mil estrangeiros, encontram-se quase 13 mil brasileiros. Para conhecer 
        um pouco mais a terra natal desses moradores, em agosto de 2008, o prefeito 
        veio ao Brasil participar da comemoração dos 50 anos da 
        Associação de Aichi e visitar três cidades, entre 
        elas Paranavaí, onde assinou um acordo cultural.  Uma das preocupações 
        de Hayakawa é a educação das crianças. Ele 
        também tem dado ênfase à integração 
        entre brasileiros e japoneses. | 
   
    | International 
        Press: Quais as dificuldades para se administrar uma cidade com tantos 
        estrangeiros?Hayakawa: Temos observado uma série de problemas no dia-a-dia 
        decorrentes das diferenças culturais, como separação 
        de lixo, barulho às altas horas da noite, estacionamento em lugar 
        proibido. Por meio de informações passadas em vários 
        idiomas, como no Boletim Informativo em português (publicado mensalmente) 
        e uma rádio FM, realização de eventos e de reuniões 
        informais, procuramos promover o bom convívio entre os moradores 
        da região. Gostaria muito de ver mais brasileiros participando 
        das associações de moradores (jichikai). Sei que muitos 
        deles residem em conjuntos habitacionais. Nessa convivência entre 
        povos, é importante que as pessoas se conheçam, tenham respeito 
        mútuo e aceitem as diferenças.
 IP: Em 1985, 
        residiam em Toyohashi apenas três brasileiros. Hoje, são 
        mais de 12 mil. Por que as pessoas escolhem a cidade para viver?Hayakawa: Uma enquete realizada entre nikkeis mostrou o seguinte: 
        Aichi e Shizuoka são regiões que ainda têm grande 
        demanda de mão-de-obra. Muitos dos estrangeiros que foram em Toyohashi 
        trabalham nas cidades vizinhas, como Toyokawa e Kosai. Além disso, 
        a região permite fácil adaptação por ter clima 
        ameno, custo de vida estável, além dos moradores serem simpáticos 
        e gentis. Aqui também há muitas lojas de produtos brasileiros 
        e uma boa infra-estrutura em português.
 IP: Há 
        consenso entre os prefeitos que administram cidades com muitos estrangeiros 
        sobre as melhorias necessárias para atender a essas pessoas?Hayakawa: Nos encontros anuais, são coletadas as opiniões 
        das prefeituras participantes do Fórum, além de idéias 
        para os governos central, provincial e entidades relacionadas. No fórum 
        realizado ano passado, em Minokamo, Toyohashi apresentou como propostas 
        a obrigatoriedade da educação para crianças estrangeiras, 
        além de união e cooperação entre empresas, 
        órgãos públicos e estabelecimentos de ensino.
 IP: Por 
        que essa atenção especial com a educação dos 
        brasileiros?Hayakawa: Tanto as crianças japonesas quanto as estrangeiras 
        são importantes tesouros e heranças para o futuro. É 
        por isso que achamos essencial dar ênfase à educação.
 IP: O que 
        o senhor pensa em relação à educação 
        dos estrangeiros?Hayakawa: Diante dessa nova realidade, que é a globalização, 
        introduzimos o inglês no programa curricular, a partir do 3º 
        ano do shoogakkoo, por ser uma língua universal. Realizamos também 
        intercâmbio nas escolas brasileiras. Até abril, temos cerca 
        de 23 mil crianças matriculadas no shoogakkoo, das quais 3,3% são 
        brasileiras. Desse total de 750 pessoas, 130 falam japonês e português. 
        Há muitas crianças na comunidade que não freqüentam 
        escolas. Eu gostaria que elas aproveitassem melhor a rede de ensino para 
        aprimorar o idioma. Peço aos pais que incentivem seus filhos que 
        não estudam a ir à escola. A partir deste ano, colocamos 
        uma sala de aula onde os brasileiros têm a ajuda de voluntários 
        nas lições de casa e na assimilação do japonês.
 IP: Que 
        impressão o senhor teve das escolas brasileiras?Hayakawa: Fiquei impressionado com o brilho nos olhos das crianças, 
        pude confirmar que o sorriso delas é igual em todo o mundo. Estou 
        muito grato pela recepção que tive em todos os locais por 
        onde passei (Londrina, Maringá, Paranavaí). A agricultura 
        do Paraná também me impressionou muito, especialmente o 
        cultivo de cana-de-açúcar e de mandioca.
 IP: A comunidade 
        está preparada para dar passos maiores e promover a inserção 
        dos brasileiros na sociedade japonesa?Hayakawa: A Associação Brasileira de Toyohashi (fundada 
        por brasileiros em 2004) tem papel muito importante nesse processo. Como 
        prova de reconhecimento dos trabalhos por ela realizados, em abril, seu 
        presidente, Alcides Tanaka, recebeu o Prêmio de Amizade Japão-Brasil 
        do Ministério das Relações Exteriores e, em junho, 
        a entidade passou a ser uma organização não-lucrativa. 
        Dessa forma, esperamos que haja mais atuações em prol do 
        intercâmbio.
 IP: O Japão 
        está preparado para receber os estrangeiros?Hayakawa: Embora o país não esteja suficientemente preparado, 
        acho que temos um programa para recebê-los. Como país receptor, 
        o Japão precisa criar uma organização central com 
        especialistas, fazer ajustes e controle geral, além de estabelecer 
        medidas políticas para promover essa entrada.
 IP: O que 
        os brasileiros podem fazer para melhorar a convivência com os japoneses?Hayakawa: Para viver no Japão como parte da sociedade, é 
        preciso pelo menos obedecer regras e seguir normas. É necessário 
        também que haja esforço para conhecer a cultura e os hábitos 
        do outro, facilitando a compreensão mútua.
 IP: O que 
        o senhor pensa sobre os projetos do PLD, em especial o que prevê 
        a entrada de 10 milhões de estrangeiros nos próximos 30 
        anos?Hayakawa: Diante da baixa taxa de natalidade, esse programa é 
        necessário para garantir a economia japonesa. Porém, acho 
        importante estudar também medidas para dar motivação 
        e garantir trabalho aos japoneses.
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