Sistema
Agroflorestal: produção diversificada é uma
opção para os agricultores familiares
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Uso
da terra combina cultivo de árvores lenhosas ou frutíferas,
de hortaliças e criação de animais
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(Fotos: Assessoria
de Comunicação/Incaper)
O trabalho
com Sistemas Agroflorestais (SAFs) desenvolvido pela Embrapa Roraima deve
ganhar um importante reforço. A coordenadora de projetos da Agência
de Cooperação Internacional do Japão (Jica), Kiyomi
Muramoto, esteve nas propriedades da região do Apiaú, em
Mucajaí-RR, para conhecer de perto a experiência local com
SAFs. Sistema Agroflorestal é uma forma de uso da terra na qual
se combinam espécies arbóreas lenhosas (frutíferas
e/ou madeireiras) com cultivos agrícolas e/ou criação
de animais, de forma simultânea ou em sequência temporal.
É uma opção estratégica para produtores familiares,
graças à diversificação da produção
e rentabilidade. Um aspecto que determina a sustentabilidade desses sistemas
é a presença das árvores, que têm a capacidade
de capturar nutrientes de camadas mais profundas do solo, reciclando-os
de forma eficiente.
A visita de
Kiyomi faz parte da negociação para que o projeto receba
cooperação japonesa dentro do programa Issom Ippin, que
significa uma vila, um produto. O aval da coordenadora é
fundamental para que a agência japonesa decida investir no projeto
roraimense. Estou emocionada com os sonhos destas pessoas. Elas
têm um amor enorme pela natureza, tratam as árvores como
se fossem filhos. Querem produzir, mas sem destruir o meio ambiente,
comenta ela.
De acordo com
Kiyomi, a Jica mantém parceria na área agrícola em
mais de 70 países e, em cada região, apoia um tipo de cultura,
agregando sua imagem àquele produto específico. Dessa forma,
a agência japonesa tem ajudado milhares de famílias a sair
de situação de pobreza e a garantir renda. Nossa ajuda
vem por meio de bolsistas que, durante dois anos, articulam com a comunidade
escolhida as melhores formas de desenvolver a agricultura local,
explica.
A parceria
entre a Embrapa e a Jica também envolve o Sebrae e a Associação
Nipo-Brasileira de Roraima. O representante designado pela agência
virá do Japão e usará a estrutura da Embrapa Roraima
durante os dois anos de trabalho aqui, dando suporte para o desenvolvimento
desse sistema de consórcio, explica o chefe geral da unidade,
Francisco Joaci de Freitas.
O projeto visitado
pela coordenadora concilia espécies madeiráveis e frutíferas,
com grãos e hortaliças, mas sempre utilizando a terra de
forma racional e sustentável. É assim que os pequenos produtores
da Vila do Apiaú planejam as culturas com épocas distintas
de colheita, de maneira que nunca fiquem sem produção e
renda. Eles fazem tudo isso sem utilizar o método de derrubada
e sem apelar para as queimadas que tanto fazem mal à nossa Amazônia,
enfatiza Freitas.
Valor
agregado
Em sua visita
a Vila do Apiaú, Kiyomi também teve a oportunidade de conhecer
a agroindústria de polpas de frutas, instalada pela Cooperativa
de Produtores da região com apoio da Embrapa, Sebrae, Senai e Ministério
do Meio Ambiente. Na fábrica, com capacidade para 200 quilos/hora,
os agricultores podem beneficiar frutas típicas da região
como cupuaçu, graviola e açaí que fazem muito sucesso
em forma de sucos e sorvetes.
A agroindústria
garantiu destino certo para as frutas, que, antes, costumavam estragar
enquanto esperavam a venda. Agora, transformadas em polpa, elas podem
ser armazenadas por mais tempo e alcançam um preço melhor
no mercado. Com a chegada do apoio da Jica, previsto para este ano, a
cooperativa pretende expandir seu mercado e até chegar aos supermercados
japoneses, como já acontece com frutas produzidas no município
de Tomé-Açu (PA), que também utiliza Sistemas Agroflorestais.
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