(Fotos: Glenn
Fleishman/Divulgação)
Não
há como negar que a Apple é um fenômeno. A história
da companhia e de seu criador, Steve Jobs, são recheadas de episódios
folclóricos, incluindo o caso em que Jobs foi demitido da empresa
que ele mesmo fundara. Mas nenhuma grande marca sobrevive sem oferecer
o que o consumidor necessita ou acha que precisa. E nisso a corporação
norte-americana é insuperável. Mais do que produtos inovadores
e de tecnologia de ponta, a Apple se especializou nos últimos anos
em criar tendências basta conferir o sucesso de seus iPod,
iPhone e tantos outros. O mais recente lançamento de Jobs, o iPad,
tem feito muito barulho no mundo corporativo japonês, que passou
a adotar o tablet como uma ferramenta indispensável de comunicação.
O impacto
do iPad na indústria de comunicação e informação
do Japão tem sido enorme e continua se alastrando para vários
outros tipos de empresa, diz Suguru Kagawa, pesquisador-sênior
do Instituto de Pesquisas Yano, especializado em estudos nas áreas
de comunicação, indústria e finanças. Kagawa
destaca o poder da marca Apple, que foi capaz de resgatar o tablet, um
produto que não decolou no passado, e transformá-lo em uma
ferramenta essencial para varejistas, médicos e até
acadêmicos nipônicos. Ele afirma que produtos similares ou
com características até superiores, como telas de resolução
maior, podem surgir, mas o poder da marca ainda fará do iPad um
campeão de vendas.
Toshibaera
nos portáteis
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Sabendo disso,
as companhias de comunicação móvel de todo o mundo
entram em verdadeira batalha para ser o distribuidor exclusivo da Apple
em diferentes países. No Japão, por exemplo, a Softbank
é que conseguiu o privilégio. A telefônica japonesa
se recusa a divulgar os números oficiais de venda do iPad, mas
desde que o gadget foi lançado no país, é fácil
notar que as lojas da Softbank andam muito mais visitadas do que de costume.
Uma das pessoas
que passaram por um revendedor Softbank foi Kazuka Nohara, porta-voz da
Novarese, empresa que oferece serviços de preparação
e aluguel de roupas de casamentos. E, segundo Nohara, o iPad mudou sua
maneira de trabalhar. Antigamente, os noivos, tradicionalmente,
eram pouco participativos, mas é surpreendente como eles se tornaram
mais ativos e comunicativos com nossos funcionários desde que introduzimos
alguns iPads em nossas lojas, diz. Ele lembra que vestidos que antes
eram pouco alugados passaram a chamar a atenção dos clientes
graças às apresentações em vídeo ou
animação exibidas no tablet.
Outra empresa
que descobriu no iPad um jeito de alavancar suas vendas foi a Otsuka Pharmaceutical,
que incluiu no material de divulgação de seus representantes
comerciais um tablet. Assim, quando o vendedor é recebido por um
médico, ele pode fazer uma pequena apresentação do
remédio sem a necessidade de usar projetores ou algo do tipo. Rapidamente
podemos disponibilizar informações para médicos ocupados,
conta o porta-voz da empresa, Yuko Kikuchi.
Uso educativo
E não
é só para alavancar vendas que o produto vem sendo usado.
No Museu de Arte Tomihiro, em Gunma, por exemplo, os visitantes podem
manusear um iPad na cafeteria do local e conferir detalhes das obras e
da história do museu. Já o colégio Chubu Gakuin achou
uma utilidade ainda mais curiosa: usa as telas sensíveis ao toque
do iPad no lugar de pianos em suas aulas de música. Para Kagawa,
a Apple acertou a nota ao mirar companhias e instituições
que procuram por um produto que facilite as operações corporativas.
O interessante,
segundo Ichiro Michikoshi, analista-sênior da BCN, empresa que realiza
pesquisas de mercado, é que o iPad acabou criando um nicho próprio
sem, necessariamente, ter de competir com os cada vez menores e baratos
netbooks. Ele abre um novo mercado, podendo atingir, por exemplo,
pessoas idosas, analisa o profissional.
No entanto,
Michikoshi lembra que o domínio de mercado do iPad pode ser ameaçado,
já que as empresas fabricantes de computadores como Asus, Toshiba
e HP já lançaram ou estão finalizando os concorrentes
do tablet da Apple. Além disso, o analista lembra que os sistemas
operacionais os produtos da Apple contam com um sistema próprio
podem fazer a diferença para o consumidor, já que
Windows e Android detêm boa parte do mercado mundial.
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