(Reportagem
e Fotos: Karin Kimura)
Em São
Paulo, escolas estaduais oferecem cursos gratuitos em centros de línguas
para mais de 58 mil alunos. No total, são 97 unidades que oferecem
aulas gratuitas de idiomas (inglês, espanhol, alemão, francês
e italiano), sendo que dez incluem o curso de japonês, com 950 alunos
matriculados.
Os Centros
de Estudos de Línguas (CEL) de São Paulo foram criados em
1987 com o objetivo de democratizar o ensino da língua espanhola
aos estudantes da rede estadual de ensino. Dois anos depois começaram
a abrir turmas em língua japonesa também, para atender a
demanda de estudantes nikkeis. Em Assis, Registro e Carapicuíba
havia uma participação grande da colônia japonesa.
Como o centro expandiu a oferta de aulas para outras línguas e
havia muita procura, surgiram as turmas de japonês, explica
Arlete Lima, da Coodenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas (CNEP).
Hoje a formação
de turmas é estável. Sempre há novos interessados
em aprender a língua japonesa, conta Arlete, mas a
principal dificuldade é encontrar professores. No total, são
12 professores de japonês em todo o estado de São Paulo.
O curso é
extracurricular e tem duração total de três anos
480 horas divididas em dois níveis. Ao se matricular, o aluno pode
escolher um dos seis idiomas e precisa estar entre a 6ª série
do Ensino Fundamental e o 3º do Ensino Médio. Mesmo depois
de terminar o colégio, o estudante tem a opção de
continuar o curso de línguas para receber o certificado que é
incluído no histórico escolar. O intuito é
proporcionar um enriquecimento curricular ao estudante, explica
a coordenadora da CNEP.
Na Escola Estadual
Alexandre Gusmão, do bairro do Ipiranga, em São Paulo, o
curso de japonês é o segundo mais procurado. São 160
alunos, dentre os quais apenas 10% têm ascendência nipônica.
Nesta unidade da CEL, o curso de japonês foi incluído há
16 anos. O diretor da época, Everaldo de Campos Pinheiro,
preocupava-se com o plurilinguismo, por isso quis implementar o japonês
e as outras cinco línguas disponíveis às CEL (inglês,
espanhol, alemão, francês e italiano), explica a coordenadora
do Centro de Línguas, Renata Guerra. Ela conta ainda que os Centros
de Línguas trabalham em parceria com as associações
de professores e também com a Fundação Japão
para a formação continuada de mestres e ajuda pedagógica.
A professora
Yoko Sakanoshita Ishida, por exemplo, já viajou três vezes
ao Japão para fazer cursos de aperfeiçoamento no ensino
da língua. Yoko dá aulas de japonês há mais
de 20 anos e explica que ao longo dos anos a procura pelo curso aumentou
entre os não descendentes. Muitos vêm para as aulas
porque gostam de animes e mangá, diz. Mas a professora lembra
que alguns alunos pensam no futuro profissional também. Tenho
alunos que querem fazer faculdade de letras e dar aulas de japonês,
por exemplo. É muito gratificante, revela Yoko.
Para as aulas,
ela usa uma apostila baseada no material da Aliança Cultural Brasil-Japão,
instituição onde também dá aulas. Em sala,
ensina a escrita e conversação, evitando falar português.
As incrições são abertas no final de cada semestre,
em junho e em novembro. Para fazer a matícula, os interessados
devem levar à escola: a declaração de matrícula
da escola estadual em que estuda, duas fotos 3x4 e a cópia do RG.
As turmas são divididas por nível, com duas aulas por semana
de 1h40 cada.
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