
Suicídio é a segunda maior causa de atrasos ou paradas
de trens no país, atrás dos desastres naturais
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(Foto: Kyodo)
Quem anda de
trem em Tóquio e arredores está acostumado a ouvir o termo
jinshin jiko (acidente envolvendo vítimas humanas), usado pelos
condutores ao explicar o motivo dos atrasos ou das paradas por longo tempo
nas estações. A palavra na verdade é um eufemismo
de suicídio e não um simples acidente.
Dados do governo
confirmam o fato. O suicídio é a segunda maior causa de
atrasos ou parada de trens depois dos desastres naturais, segundo o Ministério
do Território, Infraestrutura, Transporte e Turismo. Conforme o
levantamento feito em 197 companhias ferroviárias, houve cerca
de 48,6 mil casos de trens que tiveram atrasos maiores de 30 minutos por
causa de tempestades, terremoto e outros fenômenos naturais no período
de abril de 2008 a março de 2009. Já os acidentes provocados
por pessoas que se jogaram nos trilhos resultaram em 35,3 mil casos. Desse
total, 647 pessoas morreram.
O número
de atrasos em decorrência de suicídios, que aumentou pelo
quarto ano consecutivo, é quase o dobro do que o registrado entre
abril de 2004 e março de 2005. Das 353 mil ocorrências, 211
aconteceram na região metropolitana de Tóquio, que inclui
as províncias de Kanagawa, Saitama e Chiba. As linhas que registraram
maiores números de suicídios foram Chuo, Keihin Tohoku e
Yamanote.
Os atrasos
causados por tentativas de suicídios ocorrem quase todos os dias
em algum lugar do país. Só na primeira semana de maio, vários
casos do gênero foram noticiados pela imprensa. Na manhã
do dia 10, por exemplo, um homem se jogou na linha Chuo da Japan Railway
e foi atropelado pelo trem que estava chegando à estação
de Shinjuku, uma das mais movimentadas de Tóquio. Diante do acidente,
a operação da linha foi suspensa durante 45 minutos, afetando
cerca de 35 mil passageiros.
Em Hyogo, na
manhã do dia 7, uma jovem invadiu a linha da Sanyo Dentetsu na
estação de Iho, em Takasago, passando por uma cancela, e
morreu atropelada pelo trem expresso que se dirigia para Umeda (Osaka).
Cerca de 24 mil passageiros foram afetados pelo acidente que paralisou
o funcionamento dos trens por mais de uma hora.
Medidas
preventivas
As companhias
ferroviárias têm tomado medidas preventivas para reduzir
suicídios nas linhas de trem. O método mais eficaz para
impedir a queda de pessoas nas linhas é fechar a plataforma com
portas e estruturas de vidro, que se abrem e fecham juntamente com as
dos trens.
Mas há
poucos locais no Japão que têm esse sistema por causa dos
altos custos e da dificuldade de instalação em estações
já existentes. Apenas algumas linhas novas, como o metrô
Nanboku, de Tóquio, o metrô Tozai, de Quioto, e a linha Nanko
Port Town, de Osaka, possuem portas na plataforma. São mais comuns
barreiras menores, com 1,3 metro de altura, instaladas em estações
de várias linhas, como Mita e Marunouchi, do metrô de Tóquio,
Tokyu Toyoko, Tsukuba Express, metrô de Yokohama (Kanagawa) e Sendai
(Miyagi).
A linha Yamanote,
uma das mais movimentadas da capital, deve adotar o sistema de portas
em duas das 29 estações. Em Ebisu, as barreiras começarão
a funcionar em 26 de junho, e em Meguro, a partir de 28 de agosto. A JR
Higashi Nihon, que administra a linha, planeja instalar proteção
nas plataformas de todas as outras 27 estações até
2017.
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