O
nome sweet grape (uva doce) é uma referência ao sabor
adocicado do tomate e ao formato dos cachos, semelhante ao da fruta
|
Adilson
Dim Nakahara, de Cocuera,
bairro de Mogi das Cruzes (SP)
|
|
(Reportagem
e Foto: Karin Kimura)
Tem gosto adocicado
e um pouco aguado porque é menos ácido do que o tomatinho
vermelho, cada fruto pesa apenas 25 gramas, tem pele mais fina e a cor
é amarela. Esse é o tomate sweet grape, variedade bastante
conhecida no Japão e que agora o produtor Adilson Dim Nakahara,
de Cocuera, bairro de Mogi das Cruzes (SP), está inserindo no mercado
brasileiro.
Os primeiros
testes do agricultor foram feitos com sementes trazidas do Japão
por uma amiga, mas que hoje podem ser encontradas também no Brasil.
A produção dessa variedade vem ganhando espaço na
agricultura do Alto Tietê.
Nakahara,
que continua os negócios da família, tradicional produtora
de caqui e nêspera, já trabalhou como operário no
Japão. Mas desde que deixou a vida de dekassegui, voltou ao agronegócio
decidido a investir em novas fontes de renda, já que o mercado
das outras frutas não estava tão rentável. Por isso,
somou à produção a ameixa rubi-mel e as orquídeas.
Quando retornei ao Brasil, minha cabeça estava a mil por
hora pensando no que fazer. Depois comecei a repensar e passei a me dedicar
à agricultura. O que dava certo, ia ampliando o cultivo. Por exemplo,
comecei com 300 pés de ameixa e hoje tenho 2.000; as orquídeas,
começamos com 300 metros quadrados e hoje temos 4.000 metros quadrados
de produção, conta o brasileiro.
Como as frutas
têm época certa para colheita, há dois anos o agricultor
decidiu investir também nas estufas com pés de tomate sweet
grape que produzem frutos o ano todo. Foi aprendendo as técnicas
com outros produtores da região e melhorando o manuseio com a experiência.
Na época, o tomatinho ainda não era muito conhecido e hoje
tem vendas de cerca de 500 quilos por semana. A produtividade do tipo
amarelo em relação ao vermelho é quase a mesma porque,
apesar de dar menos frutos por pé, eles crescem um pouco mais.
Mas o tomatinho é um pouco mais frágil, pois a pele amarela
é mais fina, o que faz que tenha uma durabilidade um pouco menor.
Tudo
que é novidade exige um investimento maior e dá um receio,
mas temos de batalhar. Se você espera os outros fazerem, depois
fica para trás. Então, você tem de dar um passo à
frente; é um risco, diz Nakahara, que desde o ano passado
mantém 5% da sua produção com a variedade da cor
amarela.
Ele conta que
os consumidores ainda estão se acostumando com o novo fruto e que
as pessoas ficam receosas quando veem o tomate amarelo por estarem acostumadas
ao vermelho. Para apresentar a novidade no mercado, Adilson coloca um
tomatinho amarelo (de brinde) nas embalagens do tomate vermelho para despertar
a atenção das pessoas. Sua marca é a Sabor 1.000,
comercializada em dois supermercados da região.
O tomate amarelo
também existe em tamanho maior e contém teor mais alto de
vitamina A do que o tradicional. Mas o tomate vermelho, por outro lado,
tem uma substância chamada licopeno, um antioxidante que contribui
para a prevenção do câncer, só encontrado nas
frutas com essa coloração. Enquanto não aparecem
novas receitas, o fruto amarelo é uma boa alternativa para colorir
as saladas, para fazer sopas ou como petiscos servidos in natura e sem
temperos.
|