Segundo
o criador, vantagem do pirarucu é que a espécie cresce
muito rápio. Já a desvantagem é o alto preço
dos alevinos
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(Nosuke Fuse/Especial
para o NippoBrasil | Foto: Dnocs/Divulgação)
Tatsuro Kounoike
estudou Piscicultura no Japão e veio ao Brasil em 1981 para trabalhar
numa empresa de criação de suppon (tipo de tartaruga de
água doce). Também trabalhou com criação de
camarões no Rio Grande do Norte, Goiás e Santa Catarina
por cerca de 15 anos. Mas não foram nos crustáceos que fixou
sua principal atividade. Ele é um dos pioneiros na criação
em cativeiro do pirarucu, um peixe típico da Amazônia, considerado
o maior peixe de água doce do mundo, que pode chegar a três
metros de comprimento e pesar cerca de 200 quilos.
Kounoike começou
a criação em 1997 e hoje mantém uma fazenda só
com a espécie em Atibaia (SP). Naquela época, soube da atividade
por meio de um amigo. Ele dizia que mantinha dois peixes de 50 quilos
em um lago de pouco mais de seis metros quadrados, sem fornecimento especial
de oxigênio. Não pude acreditar, lembra Kounoike.
A descrença
levou-o a pesquisar mais sobre o peixe, e descobriu que a espécie
era mesmo especial. É isto, pensei. Também começou
a estudar a maneira de criar a espécie em cativeiro. Segundo o
criador, a vantagem do pirarucu é que ele cresce muito rápido.
Em apenas um ano, passa de alevino a peixe de dez quilos, chegando a 15
quilos em alguns casos.
Outro fator
favorável é a possibilidade de adensamento dos criadouros.
Em geral, a relação é de um a três quilos de
peixe para uma tonelada de água, mas no caso do pirarucu pode ser
de até 20 quilos de peixe para uma tonelada de água. É
uma espécie que suporta bem o estresse da superpopulação,
sem que seu crescimento seja afetado. Como o pirarucu vez ou outra vem
à tona para fazer respiração pulmonar, não
necessita de fornecimento suplementar de oxigênio mesmo quando há
muitos peixes no criadouro.
O pirarucu
também é uma espécie de vida longa. Há registro
de um peixe que viveu 30 anos em cativeiro após ser capturado em
Manaus.
Mas também
há problemas. A obtenção de alevinos é difícil.
Como ainda não há técnica de reprodução
em tanques, os alevinos para criação são reproduzidos
em ambiente natural. Como o pirarucu é exportado para a Europa
como peixe ornamental, o preço dos alevinos é alto, o que
acaba elevando o custo do peixe adulto.
Sashimi,
grelhado ou assado
Tatsuro
Kounoike: espécie pode ser consumida como sashimi, grelhada
ou assada
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Os povos
da Amazônia falam que a carne do pirarucu é o melhor dos
alimentos. É branca, sem cheiro forte, que se adapta a qualquer
receita. Dá para comer como sashimi. Como tem um sabor levemente
adocicado e consistência peculiar, é bom para fazer usuzukuri
(sashimi em fatias bem finas). Seu sabor não se altera mesmo depois
de congelado, garante o criador. Segundo ele, também pode
ser preparado frito (temperado com sal ou com shoyu e gengibre), grelhado
ou assado. A pele e carcaça podem ser usados para preparar sopa,
que faz muito sucesso.
No momento,
Kounoike fornece o peixe para restaurantes de alto nível como franceses
e especializados em peixes. Ele tem trabalhado também para a popularização
da criação do pirarucu, já que há pessoas
interessadas em começar este negócio.
Como
o pirarucu é muito delicado até atingir os 3 meses, repasso
os peixes após completarem essa idade. Depois desta fase, a criação
fica fácil, garante ele. Futuramente, ele pretende criar
esturjões para fazer caviar. Como não existe este
tipo de peixe no Hemisfério Sul, seria o primeiro caso. Sonho muito
em fazer isso, diz Kounoike.
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